Por que a guerra entre Rússia e Ucrânia está durando tanto tempo?
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro deste ano, muitos acreditavam que a guerra duraria apenas alguns dias. Afinal, a superioridade das forças armadas russas em matéria de equipamento, número de soldados e poder de fogo sobre as tropas ucranianas parecia esmagadora.
Rússia não utilizou toda a sua força
Mesmo que pareça apenas uma questão semântica, especialmente para aqueles que são bombardeados de ambos os lados, essa classificação reconhece que a Rússia, pelo menos por ora, não utilizou todos os seus recursos nem seu poder de fogo contra a Ucrânia.
O Kremlin não mobilizou todos os homens, como fez o governo ucraniano, e continua dependendo de recrutas, ao mesmo tempo que também não conseguiu colocar a economia numa situação de guerra.
Mesmo assim, o poderio militar russo, que só é superado no mundo pelos EUA, é evidente na Ucrânia. No início da guerra, eram 900 mil soldados ativos (embora apenas uma porção tenha sido usada) contra os 190 mil da Ucrânia; quase 16 mil tanques contra 3.300; cerca de 1.400 aviões contra 400; e um gasto de US$ 45,8 milhões contra US$ 4,7 milhões.
Há outra grande diferença entre as capacidades militares da Rússia e da Ucrânia: as armas nucleares.
A Rússia tem um dos dois maiores arsenais atômicos do mundo, juntamente com os Estados Unidos. São 6.225 ogivas nucleares, das quais 1.625 estão implementadas, ou seja, prontas para usar. A Rússia também tem a chamada “tríade nuclear” dos meios de lançar as ogivas: mísseis balísticos, submarinos e aeronaves.
No arsenal, há armas estratégicas de enorme poder, concebidas para destruir cidades inteiras a milhares de quilômetros de distância, mas também há armas táticas de poder reduzido, criadas para serem disparadas em conflitos militares convencionais, como o atual.
A Ucrânia não tem qualquer tipo de arma nuclear. Quando fazia parte da União Soviética, o país abrigava um arsenal importante, que acabou entregando à Rússia após a independência.